Encontros que transformam a vida

"Raquel, vamos na lenha?", perguntava dona Margarida à sua neta, que respondia: "Vamos, vó!" Juntas percorriam uma trilha de terra por quase meia hora. De volta para a casa, na cabeça da neta, um pequeno fecho de lenha, preparado pelas mãos ágeis da avó, e no coração de Raquel uma grande alegria. E isso acontecia quase todas as manhãs.

Com os seus 10 anos de vida, observava atentamente tudo aquilo que estava ao redor daquela trilha, o mato, o silêncio, as montanhas, o céu, e pensava consigo mesmo: "O mundo é tão grande e o céu infinito." E isso a enchia de paz.

Filha mais velha da família Soares, a neta de dona Margarida vivia em uma casa simples com os seus pais, duas irmãs e um irmão, em Tombadouro, Minas Gerais. A avó morava bem perto, também os outros tios e tias, na mesma rua. O quintal era grande e ficava no fundo da casa, tinha muitas árvores, inclusive, uma mangueira.

Além de gostar de brincar com as crianças, no fundo do quintal da casa, Raquel também gostava muito de participar da Igreja, do coral, das coroações de Nossa Senhora, da catequese: "Depois de receber a primeira eucaristia, me apaixonei mais ainda por Jesus, me despertou um amor muito grande por Ele."

Com Jesus Cristo vivo em seu coração, Raquel começa a refletir e perceber a importância da vida sacramental e do compromisso assumido no santo batismo, e inicia a catequese do crisma. "Com o sacramento do crisma, aumentou ainda mais a minha responsabilidade, me despertou o desejo de ser catequista."

Movida pela unção do Espírito Santo, Raquel dá os primeiros passos como catequista. Os sacramentos do batismo, da primeira eucaristia, do crisma, são alicerces para a sua vida cristã e sinais para uma descoberta ainda mais significativa. Uma pergunta inquietava o seu coração: "O que Deus quer da minha vida?"

Ela não tinha resposta, somente rezava, sabia que a oração iria ajudá-la a intuir a vontade de Deus. Pedia para que a luz que um dia brilhou continuasse a refletir os seus passos. A resposta veio em um retiro espiritual, neste encontro Raquel descobriu o amor de Deus por ela, sentiu-se amada por Ele: "Encontrei-me com o meu Deus, não com o Deus das experiências dos outros; cresceu em mim o desejo de estar mais próximo dele, de rezar mais, de colocar-me a escuta."

Desta forma, Raquel começa a confiar em Deus e diz o seu primeiro sim à vida consagrada. Hoje, Raquel Soares está com 25 anos e se prepara para iniciar o período de formação no Instituto Missionárias da Imaculada-Padre Kolbe, para depois de três anos, se entregar totalmente a Cristo por meio dos votos de castidade, pobreza e obediência.

Lourdes Crespan
Missionária da Imaculada-Padre Kolbe

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